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Repostando…

Poeta e colunista, Janet Zimmermann participou do 1º Sarau Literário Brasileiro pelo Twitter e fez parte dos 61 escritores participantes da primeira “#Tuiteratura”: mostra interativa de tuítes literários de autores consagrados e novos talentos da literatura contemporânea de língua portuguesa (Sesc Santo Amaro/SP); Publica no jornal online “HorizonteMS”, no Portal “Isso É MS!”, na “Confraria do Baixo Belô” e em vários blogs e revistas literárias;Em novembro de 2013 publicou seu primeiro livro de poemas “Asas de JIZ”;Está em “As Mulheres Poetas na Literatura Brasileira”, projeto do poeta Rubens Jardim, e nas listas dos “Poetas do Rio Grande do Sul” e “Poetas do Mato Grosso do Sul” do portal de Poesia Ibero-Americana Antonio Miranda; Em 2015 participou da Antologia Poética ‘Sobre Lagartas e Borboletas’em prol da ONG Mano Down (livro e e-book); É filiada à União Brasileira de Escritores de Mato Grosso do Sul – UBE/MS;“Pétalas Secretas” é seu primeiro “Patuá”.


de rosas

de repente

asas levemente

olorosas

surgem do nada

interrompem minha prosa

e infestam meu breve susto

de repente

elas, as pétalas pálidas

sobrevoam

meus cabelos ramados

de repente

sou seco arbusto

e elas, fantasmas

de rosas

milagreiras vozes

e as vozes quanto mais vibravam

mais atingiam a mulher

de quase sessenta.

emoções sem representações

rejuvenesciam o coração de papel de seda japonesa da moça

de quase sessenta.

[uma vermelhidão queimava suas bochechas

[lágrimas escorriam sem discrição

[chorar-sorrindo [ou vice-e-versa

era coisa de criança desconexa!

mas a ópera, antes de acabar,

operou o milagre da libertação

na menina de seis

de quase sessenta.

morpho

cheia de si

saiu de si

e voou

revoou

revoluteou se fartou se embriagou

não tinha ciência

do azul-safira metálico

das lâminas das suas asas

nem que era filha da luz

que lhe emprestava

iridescência

mas sentia que sorvia

o paraíso

do seu perfume

sonhar sonho perdido

À Manoel de Barros – Em memória

Tentar voltar

ao sonho de partida,

Resgatar

do interrompido dorido

a última palavra proferida

pelo poeta preferido,

Banhar-se

com a luz

daquele sorriso,

E regressar

ungida

com pós de pós

-vida


tremor cíclico

Há um poema

abalando o meu sistema.

Flor de fender cimento íntimo.

Dor de parto dificílimo.

Sismo da minha cisma ultrassecreta.

Cumulação das eras.

Parte infinitesimal do meu Rig Veda.

Celsa rebentação!

Precipício em súbita subida.

Princípio em retornança:

Perfume do meu estado criança.

Íntima janelas

dentro dela

uma janela

sem moldura

sem vidraça

sem cortina

dentro dela

uma janela

guilhotina

dentro dela

uma janela

jaz

menina

toques gentis

plumas

caem

sobre

analgesias.

toques

gentis.

verbos

silentes.

rastros

angelinos.

pouquíssimos

notam.

poetas

anotam.

raros

acordam

meninos.

e canto com a fonte enquanto guardo-sóis de ontem

para Tito Leite

A flor do dia

aguarda a guarda do vento

passar em câmera lenta…

Eu que ainda guardo-sóis

do século passado,

guardo-me de reclamar

do nublado.

Antes, agradeço a água viva

que se avoluma cristalina

nos depósitos naturais…

E canto

com as gotas suicidas,

segredos da Fonte.


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