Especialista explica relação entre insegurança alimentar e a obesidade
A fome é uma preocupação mundial, mas, ao contrário do que muita gente pensa, a obesidade também é um mal que atinge a população em grandes proporções. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a estimativa de obesos no mundo, que é aproximadamente 830 milhões de habitantes, ultrapassou o número de pessoas que passam fome. Apenas no Brasil, de acordo o Ministério da Saúde, cerca de 18% da população adulta (maior de 18 anos) sofre com a obesidade. Já o número de pessoas famintas gira em torno de 2,5%, segundo a ONU.
Insegurança alimentar e nutrição
Especialistas indicam que uma das principais causas deste aumento é motivado pela insegurança alimentar. O Food Insecurity Experience Scale (Fies), indicador utilizado para mensurar pessoas que sofrem de malnutrição, apontou que aproximadamente 2 bilhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar moderada ou severa.
Para o especialista em gastroenterologia e nutrologia, Bruno Sander, uma das primeiras medidas é implementar políticas para redução de preços de alimentos frescos e saudáveis. “Pessoas que têm menos recursos econômicos consequentemente tem acesso a uma alimentação de pior qualidade. Isso porque alimentos com maior teor de açúcar, gordura, sal e outros elementos que são prejudiciais a saúde tem um preço mais acessível”, explicou o especialista.
Sander acrescenta que embutidos, biscoitos recheados e salgadinhos são exemplos de alimentos ultra-processados que não possuem benefício nutricional e contribuem para a obesidade. “Todos esse alimentos são de fácil acesso. Portanto, a conscientização deve ser frequente”.
O que mais pode ser feito?
Bruno afirma que é necessário investir em incentivo para a educação alimentar. “Promover campanhas de mídia para incentivar uma alimentação mais saudável é uma contribuição necessária para estimular a redução da obesidade”, acrescentou.
Além disso, Sander destaca a importância de consultar especialistas com frequência e manter hábitos de vida saudáveis, com exercícios físicos e alimentação adequada. “Com um conjunto de práticas como o aumento da disponibilidade de alimentos saudáveis, a colaboração entre campanhas de marketing, a acessibilidade a estes alimentos e a busca por uma rotina saudável, é possível diminuir os dados atuais”, concluiu o médico.
Fonte: Bruno Sander, médico cirurgião endoscopista e especialista em gastroenterologia. É diretor clínico do Hospital Dia Sander Medical Center, em Belo Horizonte.